Quando a Sociedade Harmonia Eborense (SHE) foi fundada, no dia 23 de Abril de 1849, o país ainda recuperava das confrontações entre liberais e absolutistas (1828 -1834) e entre cartistas e setembristas na Guerra da Patuleia (1846-47). Neste contexto, não é estranho que os fundadores da SHE se tenham socorrido de um conceito conciliador para nomear a colectividade que decidiram criar; HARMONIA na música e HARMONIA entre os homens, ideia expressa no primeiro documento normativo da vida da associação.
Instalada no edíficio que actualmente ocupa desde 1902 (o terceiro da sua história), foi neste momento que refundou a sua relação com a cidade. A partir desse dia, o de 23 de Abril do ano designado, a SHE passou a ocupar o mais central dos espaços urbanos eborenses. Tal mudança representou uma alteração dos seus estatutos e, no seguimento, uma afirmação plena de relevância e distinção por parte dos seus associados. Cresceu em actividade e preponderância cultural, inaugurando uma dinâmica que se mantém até aos dias de hoje.
Ao longo da última centúria, adaptou-se, reestruturou-se e definiu-se sempre como um reflexo da cidade de Évora. Através das inúmeras camadas pela qual se definiu ao longo dos tempos, foi constante o seu papel na mudança das vivências e das sociabilidades eborenses, chegando ao século XXI com novas responsabilidades. Atingido o estatuto de Instituição de Utilidade Pública em 2015 e reconhecida, em 2018, como a primeira Entidade de Interesse Histórico e Cultural ou Social Local da cidade de Évora, assistiu, neste novo milénio, à reformulação etária e geracional na composição da massa associativa, sendo esta a razão para um reencontrado vitalismo e uma renovada capacidade de perspectivar a existência de uma colectividade, assente no voluntariado e na gratuitidade, num tempo em que as teorias dominantes apontam para a inviabilidade destas organizações.
Actualmente, a Sociedade Harmonia Eborense assegura uma programação constante nas áreas da Música, Cinema, Teatro e Exposições de Artes Plásticas, granjeando um papel decisivo na dinamização da cultura local, não descurando uma linha de actuação que se enquadra com uma estratégia a nível nacional. São mais de 140 eventos por ano, num desafio constante dos seus associados e voluntários, assente na leitura do presente, honrando o papel da história, de forma a assegurar o futuro.