O arquivo histórico da SHE
A biblioteca
O espólio bibliográfico da Sociedade Harmonia Eborense é, numa lógica memorial, um dos activos mais relevantes no conjunto da Associação. Para todos os efeitos, conserva um riquíssimo conjunto de documentos de várias tipologias, dispersos em vários fundos, assumindo-se como um corpus documental e literário que acompanhou o percurso da Associação desde as suas origens, detendo particular incremento entre os finais do século XIX e início do século XX, até sensivelmente o advento do Estado Novo.
Um conjunto disperso, não sistematizado, e acondicionado de forma precária até ao início do século XXI, teve com as recentes Direcções um conjunto de acções de preservação, em particular o seu inventário, proporcionando-se a sua organização ao abrigo das mais recentes logicas arquivísticas.
No global, urge relevar o núcleo dedicado à Literatura Portuguesa, contemplando quase integralmente as obras completas de Ramalho Ortigão, Alexandre Herculano, Guerra Junqueiro, Almeida Garrett, Henrique Lopes de Mendonça, contando-se algumas raridades, como é o caso da 1ª edição da «Manta de Retalhos» de Faustino Xavier de Novais, de 1865, uma cópia das Crónicas de D. Fernando de Fernão Lopes, datada de 1895, ou as primeiras impressões da obra integral de Teixeira de Pascoaes, decorrente nas primeiras duas décadas do século XX.
Um outro núcleo particularmente importante centra-se na secção dedicada ao Teatro. Não só pela importância que a actividade sempre deteve no seio da Sociedade, nomeadamente na transição da centúria oitocentista, mas acima de tudo pela preservação de inúmeras peças originais, criadas especificamente para encenação na casa no primeiro quartel do século XX
No seu cômputo, e centrando-nos somente o núcleo do Teatro, a Sociedade Harmonia Eborense conserva 190 edições originais de peças teatrais, perfazendo o mais extenso corpus privado relacionado com esta actividade cultural no contexto local.
Em termos de datas extremas, o seu espólio inicia-se na data de 1800 (a mais antiga impressão que conserva é um exemplar original do «Compendio de História Patria», de José Travassos Lopes e conclui-se na última década do século XX, com os Boletins Municipais de Cultura da Câmara de Évora, datados de 1998.
O espólio fotográfico
Composta por 339 espécies, esta colecção inclui 154 provas a preto e branco, 61 provas a cor e 124 provas de albumina coladas sobre cartão. Algumas das imagens estavam datadas, podendo balizar-se a colecção entre finais do séc. XIX (1898?) e os anos 80/90 do século XX.
Das imagens existentes, a maioria refere-se a eventos da vida social da SHE: bailes, festas, exposições, etc. Encontra-se também um grande número de imagens referentes a peças de teatro, cenários e grupos de mascarados, bem como um grande número de retratos (sócios, dirigentes, artistas de teatro).
Não sendo uma colecção de um só autor, existem neste acervo provas de fotógrafos com actividade reconhecida em Évora, Lisboa e Porto, entre outras localidades, identificados pelas assinaturas e/ou com o carimbos da sua casa comercial. Destacamos Ricardo Santos (finais do século XIX, inícios do século XX), Cipriano Camarate e Eduardo Nogueira (ambos com actividade entre as décadas de 1940 e 1960) como os autores da maior parte das provas, embora possamos encontrar também imagens de Maria Eugénia Reya Campos, 1.ª mulher photographa portuguesa, António Maria Serra e José Pedro Braga Passaporte, ambos Photographos da Casa Real, Silva Nogueira e David Freitas, entre outros.